Texto endereçado a ninguém

Hoje quis escrever um texto endereçado a ninguém. Um texto cheio de nuances e de indiretas, boas e más. Um texto com verdades. Escritas da forma mais sutil possível. Um texto sem coragem de ser dito aos quatro ventos, nem de se manter calado. Um sentimento que é secreto, mas fofoqueiro. Uma decepção que é viva, mas lacônica.

Esse texto teria outras palavras queridas. E algumas doloridas. Seria doce nos termos e amargo no sentido. Seria um abraço com um grito no ouvido. Um aperto de mão que dói. Um beijo pós-café. Seria até Augusto dos Anjos, mas com mais Anjos do que Augustos. Viria num papel velho, mesmo sendo recente. Não seria assinado por falta de necessidade. Não seria endereçado porque não ia haver mais de uma carapuça a se vestir.

Esse texto está mais ou menos escrito no meu pensamento. Está mais ou menos escrito em um blog. Mas está muito mais escrito na minha pele, que ardeu até virar cicatriz e, por não ter endereço, ficou com o dono.

Lucas.

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