Revisitando

Aí que nos últimos três dias ando tendo insônias inexplicáveis, de deitar com sono à noite e conseguir dormir apenas na aurora do outro dia. Atravesso quatro ou seis horas de escuro, lembrando das pessoas que já estiveram perto, mas que agora são fragmentos de alguma coisa chamada saudade. Sem saber se essas memórias me acompanham ou se são o que me mantêm acordado, lido com o agravante da dúvida. Depois de muito lutar contra o esforço do meu corpo em desobedecer a minha vontade, adormeço. E sonho com todas aquelas pessoas que me visitaram em pensamento, por tantas horas. E elas parecem estar vivas, tão reais e espontâneas, roubando minha atenção por longas conversas. E, como em uma queda de sinal da operadora de celular, a nossa conversa cessa com meu despertar. E me acordo sentindo que fiz uma pequena volta ao passado, num intervalo que eu queria que fosse maior, mas que, por vezes seguidas, parece que pude escolher tê-los. As pessoas, os lugares, os momentos. E agora, depois de 72 horas, e poucas destas dormidas, não consigo negar que quando olho para o meu quarto, no meio daqueles armários, aparelhos, quadros e revistas jogadas, vejo uma máquina do tempo, que me deixa revisitar-me todos os dias, às migalhas.



Lucas.