Cores de um afago finito


Há de se perguntar qual a cor do tempo. Vermelho como as mentiras de nossas bocas falhas ou azul da cor de nossas esperanças. Negro como o adeus dos acenos ou branco da paz de nossa libertação. Há cor entre nosso tempo, de nossa gente, de nossos amores. Ah, nossos amores, que se encontram nas cores de nossas raivas, de nossos apegos, de nossos devaneios. Eu, que negocio com seus olhares, suas palavras curtas que querem dizer inverdades confortáveis. Eu que negocio com a cor de suas vontades, as meias de seus sapatos, os cheiros dos seus perfumes. Eu que negocio com os invernos da sua alma, que por muitas vezes pensei que não existia. Eu, que navego entre suas dores, dou-lhe presentes, esqueço desamores, desafetos. Eu, que abraço o mundo para te dar um sorriso e abraço teu sorriso para me dar um mundo. Eu, que no meio dos segundos, te faço minuto e te quero anos. Eu, que no infinito de seu sorriso mora o finito da minha quietude. Eu, que no silêncio da noite penso no ruído que você trouxe em meu dia. Eu, que atravesso oceanos para nadar no teu lago. E eu, que ao teu lado, espero deitado um afago mais ou menos demorado.

Lucas.

(Versão narrada:
http://dl.dropbox.com/u/15865634/Cores%20de%20um%20afago%20finito.mp3)

Uma questão de orelhas