Velocidade máxima

Duas calçadas, uma faixa de pedestres. Você de um lado, eu do outro. Sinal fechado.

Seu primeiro passo, meu primeiro passo. Seu primeiro sorriso, meu primeiro receio. Longes, andando em direção ao outro.

Suas longas conversas, suas pequenas paqueras. Nossas longas noites. Nossos primeiros beijos. Nossas primeiras brigas. Nossas primeiras incertezas, de começo de faixa.

O primeiro encontro, no meio da faixa, cheio de primeiras cartas, primeiros amores, primeiros primeiros. Cheio de certezas, de lágrimas de felicidade. Cheio de sonhos e de casamentos.

Cada um, se aproximando mais ainda da outra calçada. Lembrando de si mesmo, esquecendo do outro. Dizendo estar cansado, estar magoado. Dizendo estar se sentindo mais sozinho do que quando está só.

Fim de faixa, o sinal avisa que vai abrir. A pressa do não querer ser atropelado. O não olhar pra trás. A urgência, o ato. Pulando listras sem receios.

O sinal abre. Eu na sua calçada, você na minha. E mais de mil carros entre nós.

Lucas.

2 comentários:

Débora disse...

Amor, conseguisse colocar as palavras certas nos lugares certos pra exprimir o que, a gente sabe, caminhou pro lado errado. Mas que talvez seja o certo, no sentido de ser o melhor, não é? Eu acredito nisso. Acredito em tu, e que tudo ficará melhor independente da calçada em que se esteja.
Texto fantástico (eu realmente precisava dizer?).

Lucas Campelo disse...

Obrigado pelo elogio, amor. =)

Eu também acredito que foi para melhor. Esse texto saiu de uma reflexão que eu achei que seria necessária que ficasse escrita na história. Pelo menos na minha história. huhuhu.

Mas estou perfeitamente bem, viu? Recordar é viver.

Beijo, amor, saudade. =*